Cansada
"Produzir a si mesmo tem sido uma forma de se autoexplorar, tanto na vida real quanto na vida virtual. Atualmente, as pessoas exploram a si mesmas achando que isto é uma forma de realização, e que na verdade se confunde com a alienação de si mesmo, e de nossa espécie.
Crescem raízes de exagero e de ilusões, e tudo passa a ser visto como positivo e o olhar – este que hoje, trabalha de graça para os algoritmos- há de transformar tudo em positividade. Esta falsa positividade se configura como violência e se materializa em doenças neuronais como a síndrome de burnout, o transtorno de déficit de atenção, síndrome de hiperatividade (TDAH), entre outras, segundos estudos da ciência e de filósofos como Byung-Chul Han, por exemplo. Além de traduzirem-se no corpo físico por anorexias, bulimias, compulsões alimentares e nos consumos exagerados da contemporaneidade, chegando ao suicídio. Vivemos assim, em grandes desertos, em praias secas onde só há espaço para o cansaço.
É preciso repousar, contemplar e até quem sabe, pousar. Postar menos e plantar mais." - trecho do diário da artista.
"Na obra Cansada, podemos observar como o corpo da mulher se confunde com os corpos das árvores. Mais uma vez, a obra de Talitha Rossi expressa uma filosofia do corpo, trazendo à luz a unidade do todo, o entroncamento entre os seres. Como os artistas e filósofos do Sturm und Drang e do Romantismo alemão já tinham filosofado: é preciso acabar com a separação homem x natureza, com a filosofia dualista em sua compreensão do cosmos e do sujeito. Há uma unidade total da qual todos fazemos parte. Se torna cada vez mais urgente, na sociedade contemporânea, perceber tais preceitos e reformular certos conceitos ultrapassados sobre a existência." Iasmin Martins – Professora/doutoranda de Filosofia- PUC RJ e Psicanalista sobre a obra da artista.
A natureza eterna compreende novamente em si todas as unidades, a do ser-afirmado, a do afirmante e a da indiferença de ambos. Pois o universo em si= Deus. Ora, se em cada uma delas não estivesse a unidade que compreende o universo em si, se, portanto, não estivesse também a natureza novamente toda a afirmação infinita, isto é, toda essência de Deus, então Deus teria se dividido no todo, o que é impossível. Cada uma das unidades compreendidas no todo é, portanto, novamente a reprodução do todo inteiro. (Schelling- Filosofia da arte)